
TEXTOS DE TEATRO II 21h
APRESENTAÇÃO
O texto de teatro na sua dimensão exata e verdadeira do(s) momento(s) da representação exercita o pensamento e a sensibilidade, promove o desenvolvimento da formação para a cidadania, através da aquisição de certos valores sociais, democráticos e humanitários (autonomia, responsabilidade, liberdade, direitos e deveres).
Felizmente Há Luar, escrito em 1961, apesar de ter como pano de fundo o regime absolutista do séc. XIX, só veio a ser representado em França, em 1969, por deixar (ante)ler o regime salazarista. Calar o teatro (e toda a arte intervencionista), como instrumento de consciencialização e promoção sociocultural, era a grande aspiração do regime, o que empobrecia, fatalmente, o nosso património cultural, não fosse a eclosão relativamente rápida do 25 de abril. A obra faz uma análise crítica da sociedade do 1.º quartel do século XIX mas, como metáfora político-social, tem como objetivo levar o leitor/espetador a refletir sobre a situação que se vivia então em Portugal. Num país onde a censura queimava livros e prendia escritores, o leitor só pode ler nas entrelinhas - do antigo regime absolutista miguelista, facilmente se deduz o que Sttau Monteiro quer pôr em causa: as condições de vida do povo explorado face ao poder instituído que gozava de prerrogativas e explorava os mais pobres sem se questionar. Ainda que a ação se situe num tempo anterior, a obra deixa ler a época que precede o 25 de abril e vem trazer alguma informação que, gozando dos direitos conquistados nessa data histórica, não podem visualizar no abstrato o modo como se vivia em tempo de repressão. Através da análise da peça, percebem-se as dificuldades sofridas, a existência de indivíduos que são símbolo da consciência popular e que mantêm acesa a esperança de liberdade e de outros que, pertencentes igualmente à classe popular, se deixam alienar e representam o papel de denunciantes sem escrúpulos, agindo contra a própria classe a que pertencem.
E porque o público é a força motriz do avanço do processo histórico e representa a tensão
para o futuro, o mundo pode ser objecto de transformação do homem. Cabe-lhe o papel de encontrar
soluções e pôr em prática o que Brecht disse: "entregar o mundo aos homens para que eles o
transformem com o cérebro e o coração.", ou partilhar da opinião de Luiz Francisco Rebello que
afirma ser o teatro: "um espelho que não se limita a reproduzir a imagem aparente do mundo e dos
homens que nele agem e antes desvenda o motor interno dos seus actos, que não se identifica com
a face exterior da realidade e antes a ilumina por dentro, que despedaça as formas imutáveis em que
se fixa e cristaliza e a expõe no seu movimento dialético, em constante transformação."
CONTEÚDOS LITERÁRIOS
Leitura e Educação Literária
- Textos informativos diversos
- Felizmente
Há Luar, de Luís Sttau Monteiro
Compreensão / Expressão Oral / Expressão Escrita
- Registos áudio e audiovisuais diversos
- Canções de intervenção
- Debate
- Dissertação