TEXTOS ÉPICOS E ÉPICO-LÍRICOS                  36h


APRESENTAÇÃO

Um forte sopro épico perpassa este módulo, conduzindo à leitura de duas obras maiores do panorama literário português. Em ambas se deve, em primeiro lugar, analisar a sua singularidade, só para depois buscar a finalidade essencial comum: a valorização dos heróis, a linguagem hiperbólica e culta, os mitos e símbolos, os descobrimentos, o real e o imaginário, o humano e o divino. 

Os Lusíadas apresentam-se como uma epopeia da Renascença pela sua pluralidade cultural, pela experiência humanista, pelo sentido crítico, pela valorização do homem e das suas capacidades. Segundo Camões, era urgente mostrar aos portugueses "uma lista de valores e de ideais, que tinham forjado a pátria e que no momento histórico camoniano definhavam por esquecimento, por negligência, por medo, ou ainda por egoísmo, falta de devoção patriótica e anemia existencial, face ao materialismo mercantil e consequente devassidão de costumes". O conceito de herói vai-se construindo ao longo de toda a narrativa épica, até à conquista do estatuto de imortalidade. É a euforia do Renascimento que valoriza os humanos pela heroicidade e sublima os seus feitos, nascidos no orgulho de ser "peito ilustre lusitano", centrando a sua atenção nos valores e na excelência. Mas os valorosos também são afetados pelas contingências da vida humana e, nesse âmbito, Camões tece, sobretudo no final dos cantos, algumas considerações sobre o infortúnio pessoal e a falta de visão cultural e civilizacional dos seus contemporâneos. É uma crítica amarga e uma tristeza profunda que invadem o texto, contrastando com a proposta ideal de heroicidade patenteada ao longo da obra. 

Também a poesia de Pessoa, em Mensagem, mostra uma face heróica que busca forças na vontade de fazer renascer Portugal das cinzas. No entanto, escreveu o seu livro à "beira-mágoa", procurando vislumbrar o mito e a chama que transmutam a existência, revolvendo o destino português e os seus sinais proféticos, sem esquecer nunca que "Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor". 

Enquanto Camões se preocupou em valorizar o colectivo português, Pessoa apresenta as personagens como forças individuais da acção, transformando-as em símbolos ou mitos modelares, capazes de lutar contra a oposição das forças reais. Apesar dos métodos e dos tempos históricos distintos, Camões e Pessoa comungam um desejo de renovação da pátria, insistindo na força messiânica e na crença de um Portugal predestinado a um futuro glorioso, suportado por um ideal renovador, só possível através do esforço dos homens feitos heróis.


CONTEÚDOS LITERÁRIOS

Leitura e Educação Literária

  •     Textos informativos diversos
  •     Os Lusíadas, de Luís de Camões
  •     Mensagem, de Fernando Pessoa

Compreensão / Expressão Oral / Expressão Escrita

  •     Registos áudio e audiovisuais diversos
  •     Documentários
  •     Excertos de filmes  
  •     Exposição oral
  •     Textos de reflexão

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